Lampião (1897-1938) foi o mais famoso cangaceiro brasileiro, chamado de "Rei do Cangaço", andava em bando cometendo crimes motivados por vingança, revolta e disputa de terra, espalhando o medo por onde passava.
Virgulino Ferreira da Silva (1897-1938), conhecido como Lampião, nasceu na cidade de Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco, no dia 7 de julho de 1897, em uma família de lavradores e criadores. Era o terceiro filho de uma família de sete irmãos, sabia ler e escrever. Ajudava na pequena fazenda do pai cuidando dos animais.
O cangaço o atraiu, em 1915, depois que sua família foi acusada de ter roubado alguns animais da fazenda de seus vizinhos, a família Saturnino, ligada à oligarquia. Depois de certo tempo, os irmãos Ferreira mataram alguns gados do vizinho e foram perseguidos pela polícia. Na fuga, sua mãe não resistiu e a polícia matou seu pai. Virgulino encarregou um irmão de cuidar dos irmãos menores e, com os dois mais velhos passou a percorrer os estados nordestinos, fazendo justiça com as próprias mãos.
O primeiro ataque foi em 1922, em Alagoas, na casa da baronesa da cidade de Água Branca, onde levou todo o dinheiro que encontrou. O bando justiceiro invadia as fazendas, saqueava os comerciantes e distribuía com os mais pobres uma parte do que recolhia. Cinco estados faziam parte de suas andanças. Por onde passava, torturava e matava, deixando um rastro de destruição e crueldade.
No dia 1 de agosto de 1923, o bando sofreu sua primeira emboscada no município de Nazaré do Pico, em Pernambuco. O combate se deu na praça, com a ajuda dos civis nazarenos. Era o início da Força de Nazaré, a mais importante perseguidora de Lampião. Em 1926, estando em Juazeiro, no Ceará, Lampião é chamado para combater na Coluna Prestes e recebe a patente de capitão. Nessa época visita o Padre Cícero.
Dois anos depois, Lampião atravessa o Rio São Francisco em direção a Sergipe e Bahia e tem o primeiro combate com as forças baianas. Em 1929, em suas andanças pela região chegou ao povoado de Malhado da Caiçara quando conheceu Maria Gomes de Oliveira, que tinha 19 anos e morava com os pais, depois que se separou do marido. Logo, Maria entrou para o cangaço e tornou-se a famosa companheira de Lampião. Com o nome de “Maria Bonita” tornou-se a primeira mulher a ingressar no cangaço. Em 1932 nasceu Maria Expedita de Oliveira Ferreira Nunes, a filha do casal.
Durante os anos de cangaço, Lampião zombou das polícias, do governo e das pessoas influentes. Escapava fácil das emboscadas, dos tiroteios e das armadilhas. Conseguia despistar os policiais, que ele chamava de macacos, usando várias estratégias. Uma delas era mandar o bando calçar as alpercatas ao contrário para deixar o rastro em direção oposta. Foi temido e amado.
Lampião criou roupas para si e para o bando, caprichava nos detalhes, usava medalhas, muitos anéis, correntes de ouro, chapéu de couro, alforjes bordados e punhais de prata. Lampião usava uma roupa semelhante a dos batalhões militares e óculos que o caracterizou. Sua primeira fotografia é datada de 1926. Seu apelido, dizem que surgiu da cor do cano de seu rifle, que ficava em brasa depois de vários tiros, parecendo um lampião.
Na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angico, no povoado de Poço Redondo, em Sergipe, Lampião e seu bando, foram surpreendidos com rajadas de metralhadoras. Minutos depois, morria Lampião, Maria Bonita e mais 9 cangaceiros. O ataque comandado pelo tenente João Bezerra conseguiu, o que a polícia do Nordeste perseguia havia muito tempo. Suas cabeças foram decapitadas, mumificadas e expostas em Santana do Ipanema, Alagoas. Depois foram levadas para o Museu Nina Rodrigues, na Bahia, até serem enterradas em 1968.
Lampião morreu na Grota de Angico, em Poço Redondo, Sergipe, no dia 28 de julho de 1938.
Lampião e seu bando decaptado
Fotografia icônica de cabeças de membros do bando de Lampião, assim como a do próprio e a de Maria Bonita. A cabeça de Lampião é a que se encontra isolada na posição inferior, sendo a imediatamente acima a de Maria BonitaNo canto superior da foto, do lado esquerdo, encontram-se os nomes dos cangaceiros mortos e a fatídica data de morte do bando: 28 de julho de 1938.
A foto e os seus significados
Há uma infinidade de símbolos no registro, que objetivou mostrar o poder do governo de Getúlio Vargas: além da decapitação em si, que indica vitória total sobre um inimigo, a própria posição da cabeça, na parte mais baixa da foto, indicaria que Lampião em nada mais mandava.
As tantas armas, munições, adornos, broches, moedas e máquinas de costura revelam coisas do dia a dia do cangaço. Tudo que, naquele momento, já seria considerado passado.
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião
Nascido como Virgulino Ferreira da Silva, tornou-se Lampião, o rei do Cangaço. O cangaceiro nasceu na cidade de Serra Talhada, no serão pernambucano, e a simples menção do seu nome costuma acarretar discussões acaloradíssimas, sendo ora digno de mérito (por não ter se sujeitado a um governo sujo e corrupto) ora de profundo repúdio (por uma grande quantidade de ações desmedidas perpetradas por seu bando).
Ao falar em Cidade Eterna muitos logo pensam na maravilhosa Roma, a capital italiana. E com razão, pois é um dos nomes pelo qual a cidade atende.Ao falar em Cidade Eterna muitos logo pensam na maravilhosa Roma, a capital italiana. E com razão, pois é um dos nomes pelo qual a cidade atende.
MAS POR QUE ROMA É A CIDADE ETERNA?
Esta forma carinhosa de chamar Roma se dá pelo fato de que na Roma Antiga era assim que se referiam à cidade, pois reza a lenda de que os romanos acreditavam que independentemente de qualquer coisa que viesse a acontecer, Roma nunca deixaria de existir. Jamais.
E quanto a isso eles realmente parecem ter acertado. Em meio a colapsos e guerras, queda do império, decadência e invasões, a cidade de Roma continua lá, incrivelmente bela e atraindo milhões de turistas de todas as partes do mundo.
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Suba a escadaria da Piazza di Spagna
A escada de Piazza di Spagna foi construída no início do século XVIII e é a dona dos mais conhecidos degraus de toda a Roma, os quais, inclusive, dão acesso a ilustres locais de visitas.
No alto da escadaria se encontra a Igreja Trinità dei Monti e pode ter certeza de uma coisa:
a vista lá de cima é belíssima!
Um bairro interessante: Trastevere
O Trastevere é um bairro da zona sul de Roma. Têm igrejas bem antigas (quase relíquias), lojinhas interessantes e pequenos restaurantes de típica culinária italiana.
O ponto de encontro mais famoso do local é a Piazza di Santa Maria in Trastevere. Ela tem uma grande fonte no centro e a histórica Basílica de Santa Maria também fica nessa praça.
O bairro é um bom lugar para ser apreciado a pé sem hora para ir embora.
Uma cidade–museu tem a sua fonte: Fontana di Trevi
A Fontana di Trevi é outro lugar especial de Roma, ainda mais no verão, ao final do dia perto do momento em que a fonte fica completamente iluminada.
Chegando mais perto do monumento, você vai ver que sua viagem à cidade de Roma realmente valeu à pena! Leve suas moedas para jogá-las na água, pois como todos dizequem joga a moedinha sempre retornará à Roma.
Caminhar em torno do Panthéon
O Panthéon é um edifício maravilhoso e bem preservado da Roma Antiga. Ele foi construído para ser um templo de adoração dos deuses da Roma Antiga; mais tarde, com a conversão do império para o Cristianismo, a estrutura passou a abrigar uma igreja católica romana.
Depois de entrar no local e ver como sua arquitetura é maravilhosa por dentro, nada melhor do que andar pela movimentada Piazza della Rotonda, observando a arquitetura da área ao redor desse monumento.
Coliseu
Uma das mais famosas e históricas construções da cidade de Roma é um dos lugares mais visitados de todo o mundo, com seis milhões de pessoas passeando por suas ruínas anualmente.
Símbolo-chave do Império Romano, com quase 2.000 anos de antiguidade, os seus 57 metros de altura fazem com que brilhemos os olhos.
Panteão de AgripaO Panteão de Agripa, localizado na Praça deLa Rotondaé um monumento sensacional, no qual a arquitetura italiana é toda preservada, contando com uma estrutura bem original e circular de 43.40 metros de diâmetro e uma cúpula de caixotes de concreto com mais de 8,92 metros de diâmetro. As colunas são todas de granito.
Antonomásia!Antonomásia!
Na Língua Portuguesa antonomásia é uma figura de linguagem caracterizada por determinar uma pessoa, feito, fato, que a tornou importante.
E é assim, com essa figura de linguagem que eternizamos Roma.
Dio mio! Gesù mio! Madonna mia!
Ao invés de Roma, diga a Cidade Eterna, a cidade eterna da humanidade.
7 imperadores
Autocastração em público, nomeação de cavalo a cargo público, assassinato de parentes e lançamento de cristãos a feras famintas. Alguns imperadores se achavam deuses ou semideuses; outros tinham certeza disso, vestindo-se e agindo como tais. Um lutava nas arenas como gladiador e outro gastava seu tempo editando leis excêntricas, como a liberação de flatulências (pum) em banquetes. Muitos imperadores cometeram atos cruéis, todos fizeram baixaria, alguns obtiveram glória, outros a completa desgraça. Todos foram assassinados.
Muito do comumente noticiado acerca dos imperadores, contudo, carece de comprovação, visto que não se pode dar certeza quanto à origem de fontes que, por vezes, encontra-se repleta de rivalidade por se tratar de adversários dos césares romanos. Ainda, em outras ocasiões, historiadores da Antiguidade acabavam por desmerecer alguns governantes ao compará-los com outros de elevada grandeza.
Como acontece aqui, no Brasil, Roma também tinha seus barracos e vexames, sendo, porém, inúmeras vezes mortais. A hostilidade entre o Senado e os imperadores romanos é amplamente reconhecida, tendo, inclusive, inúmeros assassinatos de ambos os lados.
1. CALÍGULA, O “PERVERTIDO” (12–41 D.C.)
O imperador Calígula — Caio Júlio César Augusto Germânico — é, sem dúvida, um dos mais notórios imperadores que estiveram à frente de Roma. Contudo, sua fama, assim como teria sido sua vida, é muitas vezes retratada como uma grande algazarra. Calígula é acusado de promover grandes orgias depravadas (até para os padrões romanos), cometer incesto com suas irmãs e patrocinar jogos sangrentos de modo sádico. Até seus amigos mais íntimos o temiam, não raramente sofrendo punições por atos inexistentes.
Ironicamente, a sua morte, fruto de uma conspiração da nobreza, teria vindo pelas mãos de um gladiador chamado Narciso, que o teria estrangulado enquanto se banhava em 31 de dezembro de 192.
Sobre Cômodo, entretanto, há referências indicando tolerância para com os cristãos (o império romano ainda não havia sido cristianizado), assim como assistência aos mais humildes. Recentemente, muito se tem discutido sobre a personalidade de Cômodo, que parecia ter sido mais vítima do que carrasco (embora não fosse lá muito normal).
5. CARACALA, O “PERTURBADO” (188–217 D.C.)
Vestido como se fosse Alexandre, o Grande, Caracala — Marco Aurélio Antonino — desfilava por onde passava imitando os modos e repetindo palavras do histórico líder macedônio, que figura como o segundo maior conquistador de terras da História. Caracala também exilou a esposa, ordenando mais tarde que ela fosse executada.
Busto de Caracala, reprodução no Museu Pushkin, baseada em original do Museu Arqueológico Nacional de Nápoles.
Entre as suas “façanhas”, encontra-se o impensável ato de esfaquear seu próprio pai, o imperador Septímio Severo, diante de suas legiões. Fato este que gerou uma grande desconfiança por parte dos mais poderosos de Roma. Outrossim, desde cedo Caracala teria mostrado um lado desvairado que contribuiu para seu curto reinado.
Ainda, rivalizando o poder com seu irmão, Geta, mandou matá-lo, assim como os seus seguidores e um punhado de outros hipotéticos aliados. Também tentou criar uma fama de guerreiro, mas que apenas lhe trouxe infortúnios, como no conflito contra os alamanos do qual, inicialmente determinado a conquistá-los, acabou derrotado e obrigado a pagar pela proteção das fronteiras do império.
Caracala teria sido assassinado com uma facada pelas costas em 8 de abril de 217 enquanto urinava. Suspeita-se de que guardas pretorianos inconformados com as atitudes do governante teriam dado cabo de sua vida.
6. HELIOGÁBALO, O “TRAVESTI” (203–222 D.C.)
Heliogábalo — Sexto Vário Avito Bassiano — domou as rédeas do poder imperial ainda cedo, aos 14 anos de idade. Seu governo ficou marcado por uma diversificada série de escândalos religiosos e sexuais, tendo estes últimos o afastado da adoração pública. Héliogábalo, nome que teria recebido após sua morte, também esteve envolvido em constantes conflitos com a Guarda Pretoriana, que à época era guarda pessoal do imperador.
Busto de Heliogábalo, nos Museus Capitolinos. Fotografia Giovanni Dall’Orto.
Heliogábalo é apontado como o protagonista de uma das maiores loucuras atribuídas aos césares romanos, quando, em virtude de sua religião, castrou-se publicamente. O evento teria sido tão bizarro que o povo romano passou a acreditar que seu imperador era, na verdade, um travesti. O imperador também tinha o hábito de nomear rapazes de notória beleza a altos cargos do governo, o que reforçava o imaginário popular.
Os excessos do imperador teriam criado um grande racha na Guarda Pretoriana, que também cada vez mais se distanciava. Em 11 de março de 222, no campo da Guarda Pretoriana, Heliogábalo e sua mãe foram assassinados: tiveram suas cabeças decepadas e os corpos arrastados pela cidade, tendo o cadáver do imperador sido atirado ao rio. Todos os atos administrativos do período de Heliogábalo teriam sido revogados, aliados executados e ainda se tentou banir a memória do imperador da História de Roma.
7. DOMICIANO, O “SANGUINÁRIO” (51–96 D.C.)
O imperador Domiciano — Tito Flávio Domiciano —, assim como Cláudio, obteve grande respeito por seus atos, tendo conseguido grandes êxitos militares. Mas também teve seu governo manchado por surtos de loucura que ainda hoje geram constantes conflitos de veracidade. Ocorre que muitas fontes referenciais encontram origem em historiadores que desprestigiam Domiciano, como Seutônio e Plínio, o Jovem.
Busto de Domiciano como imperador com a coroa cívica. Museu do Louvre, Paris, França.
Entre os atos atribuídos a Dominiciano, encontram-se os assassinatos do irmão e do primo. Seu governo teria agido com grande crueldade no trato com rebeliões de qualquer natureza. Roma vivia um período turbulento e, talvez por esse motivo, o imperador se visse envolvido em supostas conspirações pelo poder. Ordenou que inúmeros suspeitos de conspiração fossem executados, sendo o Senado seu alvo mais corriqueiro.
Acreditava ser um deus, como tantos outros césares romanos, e teve suas ações para com os cristãos tidas como contraditórias: inicialmente teria sido bondoso, mas mudado drasticamente de opinião no fim do seu reinado.
Em 18 de setembro de 96 Domiciano foi assassinado, não se sabendo como tudo teria ocorrido. Há várias versões, como a de que seus próprios servos o teriam executado de modo improvisado. Também sofreu tentativa de banimento do seu nome da história romana.
Pompeia e o Vesúvio: erupção, sumiço e renascimento.
O último dia de Pompeia, de karl Bryullov.
Primeiro, a terra tremeu forte, depois o dia se tornou noite e o céu desabou impondo toneladas de cinzas e rochas; por fim, o “magma” selou a existência de uma das mais prósperas cidades do Império Romano
— Pompeia desapareceu horas após a erupção do vulcão Vesúvio
Construída onde hoje se chama Baía de Nápoles, na Itália, Pompeia era uma cidade romana afortunada. Com terras férteis, clima adorável e banhada pelo Mar Mediterrâneo, a cidade foi um dos destinos favoritos da nobreza do império. Abrigava cerca de 20 mil pessoas aos pés do “monte” Vesúvio.
1. Erupção e desconhecimento do Vesúvio
Em 24 de agosto de 79 d.c. a cidade ainda se recuperava de um terremoto ocorrido em 63 d.c., quando algo desconhecido aconteceu: o Monte Vesúvio cuspiu fumaça.
Na época, nem termo para se referir à atividade vulcânica existia e o acontecimento foi — ao menos inicialmente — encarado com certa tranquilidade. Para o azar dos que viviam no entorno do vulcão, a erupção foi uma das mais violentas já registradas.
2. A fúria sobre Pompeia
Além da fumaça, toneladas de rochas foram expelidas para atmosfera criando uma terrível “chuva” de pedregulhos e cinzas. Tal chuva literalmente enterrou a cidade de Pompeia (e outras) com pelo menos 6 metros de rochas vulcânicas.
Concluindo a catástrofe e “viajando a uma velocidade superior a 120 quilômetros por hora, uma avalanche de cinzas e rochas superquentes, com temperaturas que ultrapassavam os 500º C desceu sobre a cidade”. (LIMA, 2005, p. 31)
Rochas, desabamentos, intoxicações, etc. ceifaram a vida de milhares que acreditaram estar seguros na cidade. O número de mortos em Pompeia é estimado em cerca de 5 mil. Entretanto, quando somado com os de outras cidades, como Herculanoe Estábiasque também sucumbiram, o número pode alcançar 17 mil.
2.1 O relato de Plínio, o Moço
Em Miceno, cidade a 30 km de Pompeia, Plínio, o Moço, registrou o fenômeno que teria durado dois dias através de cartas enviadas ao historiador Tácito. Durante muito tempo o escrito foi posto em dúvida pelas “descrições apocalípticas”, como se destaca:
…O Vesúvio brilhava com enormes labaredas em muitos pontos e grandes colunas de fogo saíam dele, cuja intensidade fazia mais ostensivas as trevas noturnas. O dia já nascia em outras regiões, mas aqui continuava noite, uma noite fechada, mais tenebrosa que todas as outras; a única exceção era a luz dos relâmpagos e outros fenômenos semelhantes”.
3. O redescobrimento da cidade
Após seu desaparecimento do mundo conhecido, Pompeia foi redescoberta mais de 1.500 anos depois, sendo sistematicamente escavada a partir do século XIX. Incrivelmente, as cinzas e rochas haviam criado uma vedação em torno da cidade, preservando da lava que a arrasaria.
3.1 Pompeia “intacta”
As escavações revelaram que grande parte das casas, templos e edifícios públicos se mantiveram assombrosamente intactos como no dia da catástrofe. Também foram descobertos centenas moldes das vítimas soterradas em cinzas preservando a hora da morte.
O descoberto permitiu seguir a evolução arquitetônica da cidade desde a época em que foi criada até o momento de sua destruição. As fachadas da cidade reproduziam cenas do cotidiano, ao lado dos mosaicos, móveis e objetos de arte.
Foi um dos depoimentos mais completos e emocionantes a respeito da vida na Antiguidade.
Egito Antigo, a mística e intrigante terra dos Faraós, de Cleópatra e dos deuses antropozoomórficos. Créditos: autoria desconhecida.
Egito Antigo, a mais intrigante e famosa civilização da Antiguidade que se tem notícia. Terra dos poderosos faraós (autoproclamados deuses vivos). Região da única das Sete Maravilhas do Mundo ainda existente, das incríveis pirâmides e da Grande Esfinge. Cortado pelo maior rio do planeta, o rio Nilo, o místico Egito Antigo durou milênios e seus mistérios e curiosidades nos cativam, sendo muitos ainda desconhecidos
1. REGIÃO, RIO NILO E OS PRIMÓRDIOS DO EGITO
Localizado no nordeste da África, nasceu e floresceu o Egito, a terra dos místicos faraós e da eterna e última rainha egípcia, Cleópatra VII. Região desértica e com clima agressivo e desafiador, mas que já possuía um fator que ainda hoje em dia favorece o estabelecimento humano na região: o poderoso rio Nilo.
O estabelecimento humano na região abençoada pelo Nilo, simplesmente o mais extenso rio do planeta, ocorreu há centenas de milhares de anos e diferentemente dosrios mesopotâmicos Tigres e Eufrates, que possuíam enchentes imprevisíveis e muitas vezes terríveis, o Nilo era um rio de ciclos constantes e fácil controle.
Com a facilidade de permanência e abundância proporcionada pelo rio para a prática da agricultura e do pastoreio, os “egípcios” conseguiram se organizar, criando subdivisões administrativas chamadas de nomos (“povoados”).
Cada nomo era chefiado por um nomarca. Nessa época os egípcios ainda não formavam uma civilização unificada, mas um conglomerado de nomos que compartilhava a “mesma” cultura.
A dádiva do Egito Antigo, o rio Nilo (em destaque azul). Créditos: www.d-maps.com
2. UNIFICAÇÃO DO EGITO: MENÉS E O NASCIMENTO DA NAÇÃO
Por volta do ano 3.200 a.C., um líder político chamado Menés (ou Narmer ou Men ou ainda Meni) conseguiu a façanha de unificar o Alto e o Baixo Egito numa só nação, dando início ao período faraônico no qual o próprio se transformou, sob a proteção divina, no primeiro faraó.
Os registros históricos que marcam esse importante momento de unificação da civilização egípcia se encontram numa paleta encontrada no sítio arqueológico de Hierakonpolis. Trata-se de um monumento de apenas 63 cm de altura, mas extremamente simbólico e divisor de eras para o povo egípcio:
A paleta, em xisto verde, está decorada na frente e atrás. As cenas encontram-se distribuídas em três registros sobrepostos. No alto, duas cabeças de vaca simbolizam a deusa Hathor, divindade cósmica cujo nome significa “morada de Hórus”. Por ser a principal designação do faraó, o rei representado no monumento coloca-se, assim, sob uma proteção divina e celeste.
O anúncio da unificação das duas partes do território egípcio é feito de maneira simples e clara: na frente, o soberano usa a coroa branca do Alto Egito, nas costas usa a coroa vermelha do Baixo Egito. É o primeiro faraó a reinar sobre o Sul e o Norte. O Egito dinástico entra na História. (JACQ, 2007, p. 51)
As coroas individuais do Alto (branca) e do Baixo (vermelha) Egito, seguidas da coroa da unificação egípcia. Créditos: autoria desconhecida.
2.1 Alto Egito x Baixo Egito
Termos aparentemente simples, mas causadores de alguma confusão. O rio Nilo tem sua foz ao norte, no mar Mediterrâneo, “descendo” para o interior do continente africano e quanto mais ao sul maior o relevo do solo, inclusive com pequenas montanhas (Alto Egito por conta dessa elevação).
A parte mais próxima do Mediterrâneo é marcada por planícies, diferentemente da mais afastada que se caracteriza pela elevação do solo. Isto é, Alto Egito por conta da elevação do solo, encontrando-se na parte sul do país, e Baixo Egito se encontrando ao norte devido às suas planícies.
Alto e Baixo Egito. Créditos: autoria desconhecida.
3. POLÍTICA DO EGITO ANTIGO
Extremamente centralizada, a política dos egípcios era profundamente simbolizada pelo poder faraônico. O faraó, que era considerado um deus vivo, mantinha-se no poder e governava devido ao poder teocrático, visto o abrangente caráter religioso de sua sociedade.
O título de faraó, deixando de lado a suposta parte divina, era o equivalente ao status rei. Portanto, o Egito Antigo era caracterizado como uma monarquia. Pelo seu forte caráter religioso, também se tem a teocracia como marca distintiva, que é quando a religião intervém diretamente na política estatal.
De acordo com os registros históricos conhecidos, o Egito Antigo teria sido governado por 404 faraós distribuídos em 31 dinastias, o suficiente para durar impressionantes milênios.
4. ANTIGO, MÉDIO E NOVO IMPÉRIO
4.1 Antigo Império (3.200–2.300 a.C)
Após a sua unificação sob a liderança do faraó Menés, a capital do Egito passou a ser Tinis e posteriormente Mênfis (atualmente região do Cairo, a capital do Egito moderno).
Esse período ficou marcado por uma relativa estabilidade duradoura e construções imponentes. A população egípcia era obrigada ao trabalho e sem sombra de dúvida o mais importante exemplo fica no Complexo de Gizé, sendo as impressionantes pirâmides de Queóps, Quéfren e Miquerinos. Atualmente é a única das Sete Maravilhas do Mundo ainda existente e são protegidas pela Grande Esfinge de Gizé.
O Antigo Império entrou em declínio por volta de 2.300 a.C, quando as cheias do rio Nilo diminuíram, desestabilizando a vital agricultura. Fome, pestes e revoltas internas e externas contribuíram para seu fim. Os nomarcas, durante essa fase, tiveram expressivo aumento de poder diminuindo a força do faraó.
As grandes pirâmides do Egito de Quéops (146,5 metros de altura), Quéfren (143 metros) e Miquerinos (61 metros), na Necrópole de Gizé, são protegidas pela Grande Esfinge de Gizé. Créditos: autoria desconhecida.
A Grande Esfinge de Gizé, a protetora eterna do descanso dos deuses (faraós). Créditos: autoria desconhecida.
4.2 Médio Império (2000–1580 a.C)
Sob a liderança do faraó Mentuhotep II, os nomarcas foram derrotados e o poder faraônico restabelecido com grande força. Contudo, parte da nobreza continuou desafiando o faraó em busca da descentralização do poder imperial.
A servidão coletiva foi restabelecida, proporcionando grandes obras hidráulicas. Durante este período, por volta de 1800 a.C, os hebreus começaram a chegar ao Egito, passando a trabalhar nas mais diferentes atividades e pagando impostos, sem, contudo, serem escravizados.
O Médio Império entrou em declínio com a invasão dos hicsos que dominaram o Egito por quase dois séculos. O exército hicso era muito mais avançado, versátil e tecnológico, contando com armamentos de melhor qualidade, cavalaria em larga escala e carros de guerra (bigas; “carroças” puxadas por cavalos).
4.3 Novo Império (1580–525 a.C)
Os egípcios aprenderam as técnicas hicsas e mudaram sua forma de guerrear, conseguindo por fim expulsar os invasores. O faraó Amósis I fez da cidade de Tebas a nova capital.
O Novo Império representou o auge do império egípcio, tendo faraós famosos e guerreiros como Ramsés II, também conhecido como Ramsés, o Grande. As fronteiras do Egito Antigo se expandiram até a atual Síria ao norte e ao sul até o Sudão. Além das guerras, Ramsés também ordenou a construção do magnífico Templo do Sol, Abu Simbel.
Estátua de Ramsés, o Grande. Créditos: Alberto Loyo / Shutterstock.
Seria neste período que ocorreu a escravidão e fuga dos hebreus do Egito em direção à Terra Prometida. Porém, as diferentes datas e controvérsias impossibilitam um apontamento mais detalhado.
O Novo Império encontrou seu fim nas espadas e lanças dos ferozes assírios, tendo o Egito posteriormente passado para o domínio persa, macedônico e romano. A conquista macedônica se deu pela liderança de Alexandre, o Grande, um dos maiores conquistadores da história.
5. ECONOMIA
A principal atividade econômica era a agricultura. A imensa produção de cereais possibilitou o comércio com outros povos para a aquisição de mercadorias inexistentes ou de baixa qualidade na região.
O Egito era administrado de acordo com o modo de produção asiático, embora se encontrasse no continente africano. Neste modo de produção, que incita a desigualdade social, o Estado é o dono de absolutamente todos os bens da sociedade, incluindo casas, comida, ferramentas e até roupas, e os distribui de acordo com a sua vontade.
6. SOCIEDADE
Igualmente como na Mesopotâmia, a sociedade egípcia era caracterizada por ser estamental. Ou seja, cada egípcio desempenhava uma função que havia sido herdada dos seus antepassados e que seria igualmente transmitida aos seus descendentes.
No topo da hierarquia social se encontravam o faraó, sacerdotes e nobreza. Na parte intermediária os escribas, militares, comerciantes e talvez artesãos. A parte mais baixa era composta pelos camponeses e escravos.
A Pedra de Roseta descoberta durante expedição de Napoleão Bonaparte em 1799. Essa peça se mostrou fundamental para a compreensão dos hieróglifos egípcios e consequentemente o funcionamento da sua sociedade. Créditos: autoria desconhecida.
6.1 Escravos no Egito Antigo
Importante ressaltar o baixíssimo número de escravos no Egito Antigo. Um mito muito noticiado é a construção das pirâmides por escravos, quando, na verdade, foram construídas por trabalhadores remunerados. Povos que usaram escravos em larga escala foram os gregos e os romanos.
Um fato curioso é que no Egito ouve a primeira greve registrada da história, tendo ocorrido durante o reinado do faraó Ramsés III (1187–1156 a.C), durante o Novo Império.
Trabalhadores e trabalhadores no Egito Antigo. Créditos: autoria desconhecida.
7. RELIGIÃO
Eram politeístas, acreditando em uma infinidade de deuses antropozoomórficos (mistura de homens e mulheres com animais). Ao longo do tempo deuses e deusas ganharam ou perderam influência sobre os egípcios. Entre os deuses mais famosos, encontram-se Osíris, Ísis, Hathor, Hórus, Set e Anúbis.
Outro importante aspecto da religiosidade egípcia era a crença na vida após a morte. Homens, mulheres e animais eram mumificados em um ritual de preparação para a reencarnação.
A mumificação deu aos egípcios um amplo conhecimento sobre a anatomia humana, possibilitando grande acúmulo de estudos médicos e até cosméticos (as maquiagens, muito além de embelezar, tinham a função de proteger e cuidar da pele)
Os 7 maiores Conquistadores da História
Os conquistadores Gêngis Khan, Alexandre, o Grande, Tamerlão, Ciro, o Grande, Átila, o Huno, Adolf Hitler e Napoleão Bonaparte contribuíram decisivamente para moldar o mundo como nós o conhecemos hoje. Créditos: autoria nas imagens em separado.
Motivados por ideais distintos, os mais competentes conquistadores da História de uma forma ou de outra se portaram como implacáveis em seu tempo, sendo praticamente invencíveis quando confrontados individualmente. Tribos, nações, continentes e até inimigos ferrenhos uniram esforços — quase sempre em vão — para detê-los.
As conquistas aqui mostradas não encontram paralelos na História. Foram expedições longas, modificadoras e brutais, tendo sido, para uns, incrivelmente gloriosas, para outros (os derrotados), um verdadeiro inferno dantesco. Foram guerras que agarraram o mundo pelo pescoço e o sacudiram com tremenda força…
…Guerras estas que fariam o próprio Deus Marte, deus da guerra na mitologia romana, orgulhar-se de sua mais brilhante e devastadora criação: os Conquistadores
Um mundo de terras e mares a serem conquistados pela vastidão da “eternidade”. Créditos: Daniel Apolinário: http://2016.mezclador.com.br/daniel-apolinario/.
Compete esclarecer introdutoriamente que o alicerce para esta matéria reside unicamente sobre o quesito território conquistado, pois, a depender do espaço e tempo, alguns conquistadores encontraram inimigos mais poderosos e aguerridos que outros
Exemplos como Napoleão que, embora se encontre na sétima posição, realizou feitos incríveis em um tempo em que a Revolução Francesa iluminava a França e que, enfraquecida, vulnerável e sem liderança central minimamente capacitada, era fortemente oprimida por seus poderosos vizinhos para que as ideias revolucionárias não fossem propagadas em detrimento das monarquias seculares
CONQUISTADORES, O 7º MAIORAL: NAPOLEÃO BONAPARTE (1760-1821)
De espírito brilhante e ambicioso, Napoleão Bonaparte logo cedo mostrou seu gênio militar, sendo um dos mais brilhantes chefes militares que o mundo já testemunhou.
Dono de proezas quase inacreditáveis, de dezenas de batalhas vitoriosas e de derrotas que se contam nos dedos de uma só mão, Bonaparte simplesmente tomou seu assento entre os grandes conquistadores da História.
Napoleão Bonaparte cruzando os Alpes. Créditos: Jacques Louis David.
O poder é minha amante — Napoleão Bonaparte.
De berço humilde, o jovem corso, por mérito próprio, tornou-se General aos 24 anos de idade e lutou contra os mais poderosos impérios de seu tempo, mostrando-se impossível de se aplacar individualmente por qualquer outra nação, o que inclui a Rússia, que tantas vezes foi derrotada miseravelmente. Individualmente, em terra, Napoleão representou o que de melhor existiu à época.
Entretanto, com seu ambicioso sonho de unificar a Europa sob seu comando, acabou desencadeando efeito contrário ao unir o Velho Continente quase inteiramente contra si.
As batalhas da Era Napoleônica ficaram marcadas pelo gigantesco emprego de recursos materiais e humanos. Era comum se ter grandes exércitos alinhados em rota de colisão para rápida e sangrenta resolução da pauta de guerra.
Território conquistado pela La Grande Armée de Napoleão Bonaparte. Créditos: Daniel Apolinário: http://2016.mezclador.com.br/daniel-apolinario/.apolinario/.
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CONQUISTADORES, O 6º MAIORAL: ADOLF HITLER (1899-1945)
Desta lista, Adolf Hitler é o único que não comandou diretamente seus exércitos nas diversas frentes de combate, contudo, seu implacável empenho na construção da armada nazista acabou por subsidiar uma série de importantes conquistas territoriais, de modo, inclusive, bem similar às de Bonaparte.
O Führer Adolf Hitler, Chefe do Estado Alemão. Créditos: Bettmann/CORBIS, Adolf Hitler saudando, ca. 1933-1945, ID.: BE002442.
Não há nada na história que tenha sido conquistado sem o derramamento de sangue! — Adolf Hitler.
Contando a excelente tradição germânica de forjar comandantes capazes e, por vezes, geniais, Hitler teve o privilégio de dar ordens a marechais-de-campo como Rundstedt, Guderian, Manstein e o mais famoso e respeitado comandante da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Rommel, a Raposa do Deserto.
Todavia, as sucessivas ingerências de Hitler nos planos cuidadosamente traçados pelo Estado-Maior Alemão são apontadas, por vezes, como “desastrosas”, pois o Führersempre os modificava deixando seus idealizadores confusos, quando não assustados por temerem a morte pelo que se chamava educadamente de “alta traição”.
Território conquistado pela Alemanha Nazista de Adolf Hitler. Créditos: Daniel Apolinário: http://2016.mezclador.com.br/daniel-apolinario/.
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CONQUISTADORES, O 5º MAIORAL: ÁTILA, O HUNO (406-453)
Notório por sua ferocidade em conquistas, Átila, o rei dos hunos, lançou-se furiosamente sobre a Europa em uma campanha expansionista que lhe rendeu a alcunha de o Flagelo de Deus.
Dono de vastas planícies entre a Europa e a Ásia, principalmente na atual Hungria, os hunos foram capazes de montar um poderoso exército montado que geralmente arrasava adversários nos mais diversos campos de batalha do Ocidente e Oriente.
Átila, o Huno. Créditos: Museu do Louvre, Paris, França. ID.: AO-2432.
Onde eu passar, a grama não crescerá novamente — Átila, o Huno.
Sob a liderança de Átila, os hunos pilharam e extorquiram os impérios Romano do Oriente e Parta, da Pérsia, aterrorizaram as planícies europeias, escravizaram outros povos bárbaros e deram sua contribuição à queda do decadente Império Romano do Ocidente.
Ainda, embora breve tenha sido seu reinado, atribui-se à figura de Átila, o Huno, o título de maior líder bárbaro da era conhecida como Invasões Bárbaras.
Expansão máxima do território de Átila, o Huno. Créditos: Daniel Apolinário: http://2016.mezclador.com.br/daniel-apolinario/.apolinario/.
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CONQUISTADORES, O 4º MAIORAL: CIRO, O GRANDE (?-529 a.C.)
Ciro II, popularmente conhecido como Ciro, o Grande, consagrou-se como o grande criador do Império da Pérsia, sendo diretamente responsável por grandes conquistas territoriais. Ficou conhecido como um homem íntegro, generoso e até amado.
Ciro, o Grande. Créditos: autoria desconhecida.
Seu império é considerado um dos mais importantes da história e se estendia das montanhas do Hindu Kush, no atual Afeganistão, até o Rio Indo, no Mediterrâneo.
Dentre suas grandes conquistas, encontram-se a Lídia, Suméria, Babilônia e tantas outras possessões gregas. Estas últimas deram origem às guerras entre gregos e persas, as quais abarcam as famosíssimas batalhas de Maratonae das Termópilas.
Acerca da Babilônia, Ciro, o Grande, é o responsável pela soltura dos judeus que nela se encontravam cativos, também devolvendo generosamente o antigo território dos filhos de Israel. Este evento, inclusive, encontra-se narrado na Bíblia. De acordo com o comumente noticiado, Ciro teria tido um sonho no qual deveria libertar o povo hebreu do chamado Cativeiro da Babilônia.
Território conquistado por Ciro, o Grande. Créditos: Daniel Apolinário: http://2016.mezclador.com.br/daniel-apolinario/.apolinario/.
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CONQUISTADORES, O 3º MAIORAL: TAMERLÃO (1336-1405)
Tamerlão, também conhecido como Timur, o Coxo, restaurou parte da antiga grandeza do império mongol criado por Gêngis Kahn.
Desde cedo suas habilidades táticas e competência de comando o fizeram se destacar. Para se tornar Khan, diz-se que teria simulado seu parentesco com Gêngis Khan para viabilizar sua posse. É conhecido como um dos últimos grandes conquistadores da Ásia.
Estátua de Tamerlão, o Coxo. Créditos: autoria desconhecida.
Como só há um Deus no Céu, tem que haver apenas um governante na Terra — Tamerlão.
Tamerlão conseguiu restaurar considerável parte do império mongol, contudo, ficou mais conhecido por sua crueldade sem-fim. Suas conquistas foram incrivelmente violentas ao ponto de mostrarem como verdadeiros massacres insanos.
Em determinada ocasião, na Índia, logo após a Batalha de Panipat, em 17 de dezembro de 1398, Tamerlão ordenou a execução de aproximadamente 100 mil soldados indianos, massacrou os habitantes da cidade de Déli e saqueou tudo que era possível ser transportado, incluindo 90 ou 100 elefantes de guerra, sendo todo o restante destruído.
Território conquistado por Tamerlão. Créditos: Daniel Apolinário: http://2016.mezclador.com.br/daniel-apolinario/.apolinario/.
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CONQUISTADORES, O 2º MAIORAL: ALEXANDRE, O GRANDE (356-323 a.C.)
Alexandre, o Grande, nasceu na Macedônia, tornou-se rei aos 20 anos de idade e morreu antes de completar os 33. Deixou a vida como o maior conquistador do mundo, sendo, atualmente, considerado o maioral da Antiguidade e um dos principais capitães da História.
Mosaico de Alexandre, o Grande. Créditos: Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, Itália.
Uma tumba agora basta àquele para quem cujo mundo não era o bastante — Alexandre em seu leito de morte.
Seu império se estendeu dos Balcãs, na Europa, até a longínqua Índia, na Ásia, somando-se os territórios do Egito e Afeganistão.
Sob o comando do pupilo do filósofo Aristóteles, as mortíferas falanges macedôniasnunca lamentaram derrota em batalha, mesmo encarando impérios seculares e experientes com forças numericamente superiores e diversificadas.
Território conquistado por Alexandre, o Grande. Créditos: Daniel Apolinário: http://2016.mezclador.com.br/daniel-apolinario/.apolinario/.
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CONQUISTADORES, O MAIORAL: GÊNGIS KHAN (1162-1227)
Nascido como Temujim, teve seu pai assassinado e uma infância extremamente dura, sendo escravizado e por vezes alvo de assassinos.
Sem desistir de lutar, o histórico líder mongol resistiu com bravura incomum para vencer seus inimigos, unificar seu povo e lançar a mais extraordinária expansão militar que se tem registro. Orgulhava-se de se vestir e viver como seus guerreiros.
Gêngis Khan. Créditos: Bitrix Studio.
Eu sou um castigo de Deus. E se você não cometeu grandes pecados, Deus não teria enviado um castigo como eu — Gêngis Khan.
A horda mongol, guiada pela flecha incansável de Gêngis Khan, arrebatou seus cavaleiros nômades da longínqua e esquecida Mongólia à Europa e ao Oriente Médio.
“Com os galopes mais rápidos e implacáveis das Idades Antiga e Média, as hordas das estepes asiáticas lideradas por Gêngis Khan forjaram, ao longo do século XIII, tanto o maior território contínuo quanto a segunda maior extensão territorial total de um império da História – conquistando em 25 anos o que civilizações inteiras, como a Pérsia e a república e o império romano, juntos, não conseguiram em quase 1.000 anos.” (BEZERRA, 2016, s/p)
Nunca ouve outro tão grandioso Conquistador como Gêngis Khan.
A imensidão do território conquistado por Gêngis Khan é impressionante. Créditos: Daniel Apolinário: http://2016.mezclador.com.br/daniel-apolinario/.
CURIOSIDADE SOBRE O MAIOR IMPÉRIO DA HISTÓRIA
O mais vasto domínio já criado pertenceu à Inglaterra, no século XIX, sendo ligeiramente maior que o mongol de Gêngis Khan.
Contudo, diferentemente dos seus “concorrentes” elencados acima, o império britânico foi uma construção secular, quase milenar, e não fruto do espírito engajado e obstinado de um único indivíduo durante seu curto período de vida na Terra
Cleópatra, a última rainha do Egito Antigo
A rainha Cleópatra interpretada por uma bela modelo no seu patrão clássico. A insistência em mostrar Cleópatra como uma mulher de beleza quase mística apagou seu verdadeiro e irresistível encanto: a inteligência. Ainda, por sempre ser representada como uma mulher branca num país africano, acaba por gerar críticas uma vez que se desconhece a sua origem materna. Créditos: autoria desconhecida.
Enigmática, sensual, inteligente e possivelmente não bela, essa é Cleópatra, a última rainha do Egito Antigo. Faraó de origem grega, amou ardentemente o místico Egito, conquistou os dois homens mais poderosos de sua época, Júlio César e Marco Antônio, tornou o Egito rico, celebrou a paz e fez a guerra. Cleópatra, sem dúvida, é uma das personalidades mais cativantes e misteriosas da História.
Cleópatra reúne todos os ingredientes de uma personagem de ficção, mas é real. Foi rainha de um país exótico e místico, mulher sensual, mãe, deusa e guerreira, tudo ao mesmo tempo. Derrotada na guerra, protagonizou o gran finale — deixou-se matar por uma cobra venenosa. Tudo isso explica por que a última rainha do Egito provoca tanto interesse dois mil anos depois de sua morte e faz dela uma personagem maior do que um pontinho na linha de tempo da humanidade.
PLUTARCO, CÁSSIO DIO E SHAKESPEARE SOBRE CLEÓPATRA
Muito do que costumeiramente se diz acerca da mais famosa rainha do Egito é mito ou meia verdade. Muito do que se diz é fruto de invenções de poetas e dramaturgos, como William Shakespeare, que, desejando ou não, acabaram por criar uma imagem bem diferente da desconhecida realidade.
No mais, sobre Cleópatra, em grande parte, faz-se necessário tomar bastante cuidado com as alegações, visto que diversos fatos de sua vida são meras especulações. Mas não se pode negar, de modo algum, a sua grande importância histórica.
A última representante dos faraós viveu em um mundo dominado por Roma e muito do que se sabe a respeito de sua vida e morte decorre de historiadores romanos, onde se destacam Plutarco e Cássio Dio (e que não viveram durante o mesmo período da rainha egípcia).
Também se faz importante frisar que em alguns momentos esta biografia pode parecer ter esquecido seu objeto principal: Cleópatra. Existem lacunas temporais em que simplesmente não se tem registro conhecido sobre a vida no Egito Antigo, ocasião em que muito se falará sobre Roma e seus principais atores. ⠀
2 ORIGEM, INFÂNCIA E PRIMEIROS ANOS
Pouquíssimo se sabe sobre a origem, infância e até juventude da última e eterna rainha do Egito Antigo. Cleópatra era filha do rei Ptolomeu XII e teria nascido em 12 de agosto de 69 a.C., adquirindo uma educação notável e refinada (até mesmo para o padrão dos regentes do Egito).
Sua data de nascimento decorre da indicação do filósofo e historiador grego, Plutarco, e não é certa; costuma-se apontá-la contando a suposta idade que a monarca tinha quando morreu (sua morte é um dos grandes mistérios ainda por ser desvendado).
[…] a Cleópatra histórica não só ofuscou e desorientou seus amantes, mas também ofuscou e desorientou arqueólogos, egiptólogos, historiadores, artistas, escritores e cineastas. Cada época e cada cultura parecem projetar sua própria Cleópatra, visualizando-a de uma maneira nova. […] Cada “tomada” de Cleópatra revela não só uma faceta da mesma, mas também uma faceta de quem a representa e, mais importante, revela a natureza dos prismas através dos quais Cleópatra foi vista e imaginada
2.1 Alexandre, o Grande, e a dinastia dos Ptolomeus
No século I a.C., as Duas Terras [Baixo e Alto Egito] subsistem num mundo mediterrâneo dominado por Roma. O Egito foi ocupado pelos persas de 343 a 322 a.C., data em que é libertado deste jugo por Alexandre da Macedônia após a vitória em Issos sobre Dario III. Chamado em socorro pelos egípcios, Alexandre, o Grande, é coroado faraó, segundo o ritual tradicional, no oásis de Siwa. Organiza a administração do território e funda Alexandria, nova capital do Egito, porém capital grega. (JACQ, 2017, p. 379, acréscimo nosso). Créditos: Mosaico da Batalha de Issos entre Alexandre, o Grande, e Dario III da Pérsia / Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, Itália.Após a morte de Alexandre, em 323 a.C., na Babilônia, seu imenso império foi fragmentado entre seus generais, tendo Ptolomeu XII ficado com o Egito. Ptolomeu deu início a um período de expansão territorial que séculos depois seduziria Cleópatra, que, ainda criança, teria ficado encantada com a origem de seus antepassados que ampliaram significativamente o Egito ao longo do mar Mediterrâneo.
Cleópatra também parecia nutrir orgulho e desejo sobre os feitos realizados por Alexandre, o Grande, e teria sonhado unir o Ocidente e o Oriente novamente como fez o famoso conquistador no comando de suas mortíferas falanges macedônicas três séculos antes. ⠀
2.2 A desconhecida origem materna
Outra lacuna histórica, possivelmente ainda de maior importância que as anteriores, reside sobre a origem materna de Cleópatra, recaindo sobre quem seria sua mãe, pois não existe consenso científico ora sendo apontada como de origem europeia (grega) ora como de origem africana (egípcia).
A questão materna se mostra inquietante e impacta diretamente todo o imaginário que se criou em torno das feições da soberana do Egito, que ainda hoje — mais de 2 mil anos após sua morte — é apontada como um exemplo quase místico de beleza e sedução.
De acordo com a vertente majoritária, a mãe de Cleópatra seria de origem greco-macedônica, como costumeiramente acontecia. Mas isso não encontra comprovação científica, visto que era um costume, não uma regra (e que ainda sim poderia ser quebrada, como habitualmente ocorria). ⠀
2.3 Cleópatra e a sua educação refinada
Igualmente controversa e repleta de hipóteses é a educação que Cleópatra recebeu. Contudo, neste ponto, é possível apontá-la como elevadíssima para os padrões da época e por inúmeros motivos, tamanho era o grau de instrução que a monarca impunha.
“Era inteligente, culta e charmosa: falava pelo menos oito línguas, inclusive algumas bárbaras. Entre os ptolomeus, foi a única a falar egípcio – a língua falada na corte, assim como a dos documentos oficiais, era o grego. Cleópatra também era versada em filosofia, alquimia e matemática. Conhecia música e poesia.” (SALVADOR, 2011, p. 37). Créditos: A rainha egípcia no Templo de Ísis, na ilha de Philas, de Frederick Arthur Brigdman.
Na época em que a monarca viveu, as mulheres egípcias gozavam de liberdades bem maiores que as suas contemporâneas gregas e romanas, podendo adquirir e administrar bens, fazendo uso direto de propriedades e dinheiro. Também decidiam sobre casamento e divórcio, mantendo os filhos unicamente sob sua guarda, caso assim quisessem. (SALVADOR, 2011).
Porém, esses fatos por si próprios não justificariam a instrução da rainha. Segundo as referências, ao menos duas hipóteses — que até podem ser uma só — são completamente plausíveis para se jogar alguma luz sobre o conhecimento adquirido por Cleópatra. ⠀
2.3.1 Alexandria e tutores
Primeiramente, a jovem que viria a se tornar rainha com apenas 20 anos de idade teria recebido sua educação através de tutores ilustres (fato corriqueiro à época). Ptolomeu XII, pai de Cleópatra, parecia ter planos brilhantes para a filha e fomentado seus estudos e vontades.
Também é plenamente possível que tenha sido fortemente influenciada pelo clima intelectual da cidade de Alexandria, um centro cultural que atraía estudiosos, como filósofos, historiadores e astrônomos, de todas as direções do mundo então conhecido. ⠀
2.3.2 A corte Ptolomaica
Uma constatação que pode ter aguçado o espírito sedutor e dominador de Cleópatra é a vivência na corte ptolomaica. Entre conspirações, intrigas, incestos e assassinatos, teria vivido — e sobrevivido — para reger o Egito com sabedoria e astúcia.
Um dos grandes “instrutores” de Cleópatra teria sido, de modo indireto, seu próprio pai. Ptolomeu XII era filho bastardo e teria feito de tudo para manter-se no poder. Essa convivência, recheada de disputas até fatais, seria observada atentamente pela jovem Cleópatra e composto parte do seu íntimo pelo restante da sua vida. Cleópatra agora sabia como era a política de seu tempo. ⠀
BELEZA DE CLEÓPATRA
Possivelmente o assunto mais abordado quando se trata de Cleópatra era a sua suposta beleza fatal. Fruto de testemunhos indiretos e munida pelo fato de ter deixado dois dos mais poderosos homens da terra apaixonados por si, Cleópatra quase sempre foi apontada como a mais bela das mulheres.
Esta alegação não encontra qualquer respaldo científico e, mesmo sendo um susto para alguns, provavelmente era uma mulher de aparência comum às de sua época, como indica Arlete Salvador (2011, p. 30, acréscimo nosso):
Cleópatra era uma mulher feia, se comparada à beleza da atriz [Elizabeth Taylor]. Dito de outra forma: o mais provável é que tenha sido uma mulher normal, sem nenhum atributo físico de destaque.
Elizabeth Taylor interpretando a rainha egípcia: sua beleza reforçou o senso comum de que a rainha ptolomaica era detentora de grandes atributos físicos. Créditos: Cleópatra, de 1963 (UK, SWI, EUA; Mankiewicz; 1963).
Padrões de beleza divergem no espaço e tempo. Cada cultura com suas preferências e a beleza como algo subjetivo e, ainda que dentro da mesma sociedade (mesmo espaço), extremamente particular no decorrer do tempo.
Há uma a impossibilidade de se chegar a um consenso se baseando em moedas, bustos e estátuas, pois, a depender dos interesses, podiam enaltecer ou difamar a pessoa representada. Muitos governantes egípcios também sobrescreviam monumentos de seus antepassados atribuindo seu nome.
Muito do poder de sedução da última rainha egípcia provavelmente decorre da sua peculiar inteligência, um fato que, inclusive, fez o mais poderoso dos romanos, Júlio César, admirá-la, protegê-la e amá-la. ⠀
4 CLEÓPATRA CHEGA AO PODER, MAS EM GRANDE DIFICULDADE
Cleópatra subiu ao trono em 51 a.C., aos 20 anos de idade. Na época, a República Romana passava por uma acirrada disputa envolvendo os comandantes Júlio César e Pompeu, o Grande.
A disputa era tão grave que mostrava o declínio da república romana e transbordava diretamente sobre povos conquistados e alianças com seus vizinhos, o que incluía o rico Egito.
“Não se sabe de onde tirou os recursos intelectuais e conhecimento político para governar, administrar o país e guerrear. O que se sabe é que, ao estrear como rainha, já entrou em cena pronta, como uma mulher feita, sedutora e convicta de suas posições”. (SALVADOR, 2011, p. 44). Créditos:Administrativamente, não se sabe muito sobre os primeiros anos de governo da rainha. Ao que parece, ela teria se preocupado para governar bem e construir sua imagem como
soberana. Contudo, se no plano administrativo pouco parece ter acontecido, no político a vida da rainha não começou nada fácil. ⠀
4.1 Difícil reconhecimento e incesto real
De modo parecido ao do seu pai, Cleópatra também não dispunha de legitimidade para permanecer no trono, sendo a motivação o massacrante fato de a mulher não ser tratada como capaz de governar sozinha.
Necessitava de respaldo masculino para manter-se como rainha, mas nunca como governante, ainda que em certas ocasiões mulheres, como Hatsheptut e Nefertiti, tenham permanecido no trono egípcio.
Desta forma, por ordem do seu pai (e com homologação romana), Cleópatra dividiu o trono com o seu irmão, Ptolomeu XIII, com quem se casou e que à época ainda contava apenas os 10 anos de idade (futuramente também se casaria com outro irmão, Ptolomeu XIV). Assim, Cleópatra estava destinada a permanecer no trono temporariamente até que seu irmão e marido tivesse condições de assumi-lo.
No Egito Antigo, o incesto entre os membros da família real era comum e incentivado, justificando-se na figura do faraó como um deus vivo na Terra. Basicamente, dois motivos justificavam o incesto: o primeiro, que os próprios deuses do panteão egípcio assim o faziam; o segundo decorrente de questões políticas para assegurar que o poder não escapasse da família, evitando disputas internas pelo poder.
A ligação dos antigos egípcios com elementos divinos e místicos era tão intensa que os reis se enciumaram dos deuses. Assim, aos poucos, para conquistarem a devoção e o amor dos súditos, foram assumindo características divinas. Então os deuses se casavam com irmãos, pais ou mães? Pois os mortais também o fariam. Vem daí a tolerância no Egito com o incesto nas famílias reais. (SALVADOR, 2011, p. 52)
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4.2 O Egito endividado com Roma e as conspirações
O pai da rainha, Ptolomeu XII, tinha sido ajudado por Pompeu na difícil manutenção do trono egípcio anos antes. Com isso, além de Cleópatra ter herdado o trono compartilhado com seu irmão, também se encontrava endividada com o general romano, acabando por pagar a dívida despachando grandes somas de suprimentos, soldados e barcos às forças de Pompeu.
Ptolomeu XII havia tido um reinado difícil por ser um herdeiro de segunda grandeza, que apenas subiu ao poder em 76 a.C. pela falta de sucessores na linha legítima. Essa ausência de realeza (de sangue real) trouxe inúmeras dificuldades, incluindo inimigos internos e externos que visavam tomar seu trono.
Em 55 a.C., a própria irmã de Cleópatra, Berenice IV, conspirou e quase tomou a coroa do pai, ocasião em que Ptolomeu XII, com o precioso apoio de Pompeu, impôs-se definitivamente ocasionando uma série de assassinatos em família.
Nesta época, a mãe de Cleópatra, que não era a mesma que a de Berenice IV, teriamorrido (especula-se que assassinada). Um dos interesses da monarca egípcia era o veneno, o que manipulava com maestria. Créditos: Cleópatra testando veneno em prisioneiros condenados, de Alexandre Cabanel.
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4.3 Cleópatra deposta do poder
Cleópatra passou por um breve período de turbulência no governo, onde teria sido inclusive deposta do poder, ocasião em que seu irmão, Ptolomeu XIII, mesmo jovem, tornou-se o novo e único regente do Egito sendo auxiliado por pessoas influentes da “nação” africana.
Muito da sua deposição temporária decorre do apoio dado a Pompeu. A insatisfação popular tomava conta dos egípcios que viam a aproximação com Roma uma possível relação de submissão, como costumeiramente ocorria com os povos da região.
A insatisfação teria sido tanta que Cleópatra, temendo a própria vida, buscou refúgio na casa de familiares na Síria, ocasião em que logo deu início ao planejamento de retorno ao seu país. Mas precisava de uma força militar forte, leal e competente para isso.
A situação só mudaria em favor de Cleópatra com a chegada de Júlio César ao Egito, dando início à parte mais explorada de sua vida por parte de escritores e dramaturgos. ⠀
5 CLEÓPATRA E JÚLIO CÉSAR
O relacionamento entre Cleópatra e Júlio César, embora extremamente tido como avassalador, não parecer conter o amor tão ardentemente mostrado e explorado na ficção e literatura. Por vezes, acredita-se que a rainha tenha sido política para assegurar seu governo.
Ocorre que há poucos registros relatando essa fase de sua vida. Normalmente se obtém informações a partir de terceiros e nunca da própria Cleópatra. As fontes que mais abordam a época praticamente se silenciam sobre a questão. Isto é, Plutarco e Cássio Dio, praticamente não retratam os sentimentos da enigmática rainha.
Fontes famosas como William Shakespeare, embora se trate de um extraordinário poeta e dramaturgo, mais simulam e criam ornamentos em torno de sua vida, trazendo histórias fabulosas e assim possivelmente se distanciando da história real, mesmo quando sabida. ⠀
5.1 A chegada de Júlio César ao Egito
Cleópatra e Júlio César se encontraram pela primeira vez em 48 a.C., quando César viajou ao Egito em busca de Pompeu que havia sido derrotado neste mesmo ano e buscado refúgio na terra aliada. Júlio César, à época, era incontestavelmente o líder absoluto de Roma e a sua presença representou oportunidade única para que Cleópatra retornasse ao trono.
Júlio César gozava de grande fama, pois havia conquistado a imensa Gália, feito consumado naBatalha de Alésia, em 52 a.C., acabado de derrotar Pompeu e com Marco Crasso morto na guerra contra os persas em 53 a.C., era o único remanescente do Primeiro Triunvirato (César, Pompeu e Crasso dividiam o poder romano) em condições dedesafiar a própria Roma e o Senado. Júlio César desfilando em Triunfo após a guerra civil contra Pompeu, de Jacopo Palma il Vecchio.
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5.2 O assassinato: César recebe a cabeça de Pompeu
Os egípcios, temendo Júlio César, bandearam-se para o seu lado, deixando Pompeu sem apoio e mais: a guarda real de Ptolomeu XIII assassinou seu antigo aliado, oferecendo sua cabeça a Júlio César, que teria ficado furioso com o acontecido.
De acordo com Cássio Dio, César desejava perdoar Pompeu para demonstrar sua grandeza perante Roma. Confira o relato completo:
Ao ver a cabeça de Pompeu, César chorou e lamentou amargamente chamando-o de amigo da pátria (…) e enumerando toda a atenção que já haviam demonstrado um com o outro. Com relação aos assassinos de Pompeu, longe de admitir que mereciam ser recompensados, encheu-os de críticas e ordenou que a cabeça fosse adornada e preparada para ser enterrada.
Júlio César foi elogiado por isso, mas sua hipocrisia era ridícula. Certamente, ele estava ansioso por dominação; ele odiava Pompeu como seu antagonista e rival. Apesar de todas as suas outras atitudes com relação a Pompeu, Júlio César havia ido para guerra com o único propósito de arruinar o rival e garantir a própria supremacia; havia corrido para o Egito com a única finalidade de derrotá-lo completamente se estivesse vivo; mas ainda assim lamentou sua perda demonstrando consternação com seu assassinato) César presenteado com a cabeça de Pompeu, de Giovanni Battista Tiepolo.
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5.3 Cleópatra surpreende César
Nesse conturbado contexto que Júlio César e Cleópatra se conheceram. A rainha deposta havia reunido um exército improvisado e maltrapilho com ajuda de aliados de províncias vizinhas e sabia que era fundamental conseguir o apoio de César (leia-se Roma). O encontro dos dois é outro fato controverso, sendo recheado de suposições de como teria acontecido.
Na mais conhecida versão, diz-se que Cleópatra teria surpreendido o líder romano em seu quarto, ocasião em que teria saído de um tapete ricamente ornamentado (ou mesmo de um saco).
Cleópatra teria sido levada ao aposento de César por Apolodoro, um mercador sírio, que passou sem ser parado pelos guardas do palácio então governado por Ptolomeu XIII. Se Cleópatra fosse descoberta, provavelmente seria morta.
Júlio César teria ficado impressionado com a ousadia daquela sedutora mulher que acabara de se relevar. Os atributos intelectuais e a determinação da rainha logo teriam despertado o interesse do general romano. Também teriam tido a primeira noite como amantes nesta ocasião.
“‘Um presente para César’, anuncia ele [Apolodoro] ao guarda. Espantado, César vê aparecer diante dele uma magnífica jovem de vinte e um anos. Não é tanto pela sua beleza ou pelo seu requinte que ela fará o romano apaixonar-se. Cleópatra é inteligente, culta, admiravelmente vestida e maquiada. Símbolo vivo dos encantos do Oriente, tinha uma conversa cativante e falava uma dúzia de línguas. ‘Ouvir a sua voz era uma delicia’, dizia-se; ‘sua língua era como uma lira de numerosas cordas’”. (JACQ, 2007, p. 283, acréscimo nosso). Créditos: Cleópatra se revelando para César, de Jéan-Léon Gérôme, 1867.A partir dessa noite, por razões do coração ou de Estado, o comandante insistiu em restaurar a antiga ordem real, dividindo o trono egípcio entre Cleópatra e Ptolomeu XIII. Cleópatra estava de volta à cena política e ao palácio real. Não exatamente no papel de protagonista, como sonhara – porque Ptolomeu XIII continuava na jogada –, mas era muita coisa.
5.4 Interesses conciliados e a paz temporária
A decisão de César em restaurar o desejo do antigo rei, Ptolomeu XII, o pai de Cleópatra e Ptolomeu XIII, causou revolta entre os que estavam ao lado do jovem monarca.
Júlio César teria acalmado a corte egípcia ao garantir que nenhum dos governantes se sobressairia sobre o outro, também devolvendo a antiga possessão egípcia do Chipre aos seus irmãos mais novos, Ptolomeu XIV e Aisonoe, para que administrassem.
Com os egos alimentados da família real, um breve período de calmaria se fez e Cleópatra e César teriam iniciado a vida de amantes, assim como o próprio Egito encontrado paz após tantas reviravoltas. Mas era apenas impressão…
César guiando Cleópatra ao trono egípcio, de Pietro de Cortona / Museu de Belas Artes de Lyon, França.
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5.5 A Guerra Alexandrina
A paz não teria durado muito. Tropas fieis a Pompeu, apoiadas por Ptolomeu XIII, cercaram Júlio César e Cleópatra na cidade de Alexandria, dando início a uma guerra em que os dois se encontravam em grande desvantagem. Estavam cercados por forças superiores em terra e mar.
A Guerra Alexandrina, também conhecido como Cerco de Alexandria, teria sido iniciada em 48 e encerrada em 47 a.C. quando o comandante romano, apoiado por províncias da região, conseguiu derrotar os revoltosos, acabando de vez com Ptolomeu XIII e seus seguidores.
Cleópatra, durante a guerra, teria sumido. De acordo com as referências, ela estaria grávida do primeiro filho, momento em que teria se dedicado à gravidez. Ptolomeu XIII e Ptolomeu IV morreram: o primeiro afogado ao tentar atravessar o rio Nilo e o segundo não se sabe como (referências apontam que tenha sido envenenado). ⠀
5.6 Paz à Cleópatra, paz ao Egito
Encerrada a guerra, Cleópatra despontou como governante absoluta do Egito e do Chipre, governando e fazendo o Egito crescer durante um período de paz plena. Esse período também foi marcado pela determinação da regente em construir uma forte imagem de si diante dos egípcios.
Ptolomeu César Filadelfo, chamado de Cesário pelos egípcios, contudo, parece ter sido deixado de lado pelo pai, Júlio César. Em seu testamento e memória não se faz nenhum ato de reconhecimento. Roma não aprovava o relacionamento de César e Cleópatra, motivo talvez pelo qual os amantes tenham protegido Cesário. ⠀
6 ASSASSINATO DE JÚLIO CÉSAR E A VINGANÇA PELA ESPADA
Em 44 a.C. uma conspiração envolvendo o Senado de Roma tirou a vida de Júlio César a facadas, momento em que teria dito seu famoso lamento ao seu pupilo, Marco Bruto: “Até tu, Brutus?”. Marco Bruto era um dos conspiradores.
Com César morto, Cleópatra, que se encontraria em Roma, mais uma vez se viu em apuros, rumando de volta ao Egito por temer o mesmo destino que seu amante.
6.1. A vingança na Batalha de Filipos
A morte de César deu origem à guerra civil mais sangrenta da Antiguidade Ocidental, onde Caio Otávio e Marco Antônio derrotaram Marco Bruto e Cassio Caio Longino nas duas Batalhas de Filipos, na Macedônia, em 42 a.C..
Otávio e Antônio se vingaram dos assassinos de Júlio César, deixando um saldo de ao menos 40 mil romanos mortos. As habilidades militares e a visão estratégica de Marco Antônio foram primordiais para o sucesso dos vingadores de César. ⠀
6.2 A crise romana
O assassinato do Ditador Perpétuo Júlio César lançou Roma em uma nova crise política. Os conspiradores de César foram caçados e executados e o Segundo Triunvirato estabelecido com Marco Antônio, Marcos Lépido e Caio Otávio. Os dois primeiros eram importantes generais de César e Otávio seu sobrinho e tido como herdeiro oficial.
Devidamente divididas as jurisdições de cada um, a Marco Antônio, que era o homem de confiança de Júlio César, coube administrar e proteger os territórios orientais da república romana, o que compreendia o Egito. ⠀
7 CLEÓPATRA E MARCO ANTÔNIO: POLÍTICA, AMOR E LUXO
Diferentemente de César, Cleópatra parece ter vivido uma grande paixão com Marco Antônio. Tão forte quanto teria sido essa paixão, também foi a campanha difamatória e intrigas de que foi vítima em Roma.
“[Marco Antônio] com cerca de quarenta anos, é um militar de boa aparência, viril, colérico, que gosta de viver de maneira suntuosa e aprecia as mulheres e a vida fácil. Sabe conduzir os homens em terra firme, mas as complicações políticas não são seu forte. Caprichoso, não gosta de refletir acerca de problemas abstratos, e os negócios o aborrecem. Só o prazer e a ação o apaixonam, É tratado em toda parte com muitas honrarias.” (JACQ, 2007, p. 186, acrescimento nosso). Créditos: autoria desconhecida. ⠀
7.1 Cleópatra e Marco Antônio se conhecem
Se com Júlio César as versões sobre o início da paixão são inúmeras, com Marco Antônio simplesmente torna inoportuna relatar tantas suposições. Mas de uma coisa se tem certeza: Cleópatra, amadurecida e agora com 28 anos, estava mais preparada do que nunca para governar sua sociedade.
Com Marco Antônio as coisas eram diferentes, porque ela estava pronta para encontrá-lo; estava naquele momento em que as mulheres estão mais bonitas e têm pleno conhecimento. Ela se preparou para ele com muitos presentes, dinheiro e adornos da magnitude de sua fortuna e de seu reino, mas foi na capacidade pessoal mágica e em seu charme que depositou as melhores esperanças. (PLUTARCO, apud: SALVADOR, 2011, p. 90, grifo nosso)
Cleópatra e Antônio, ambos extravagantes ao seu modo, ela refinada como rainha de um país milenar e místico, ele rude como é o soldado endurecido pela guerra. Logo tiveram uma disputa amigável onde cada um buscou impressionar o outro com banquetes e apresentações circenses suntuosas. Cleópatra ganhou a disputa com facilidade e, claro, requinte.
Sobre a incapacidade de Marco Antônio em surpreender a monarca, que o presenteou com um magnífico jantar de boas vindas, destaca-se um trecho de Plutarco sobre o fiasco do romano ao não conseguir se igualar ao banquete recebido:
Ele foi o primeiro a rir de si mesmo, de sua falta de sofisticação e de seus modos de soldado. Cleópatra respondeu aos comentários de Antônio com o mesmo humor, relaxada e confiante. Muitos dizem que não foi sua beleza que o impressionou, mas a atração e persuasão de sua fala, a conversa inteligente e estimulante. Era um prazer ouvir o som de sua voz e ela podia moldá-la, como um instrumento musical, em várias línguas. (PLUTARCO, apud: SALVADOR, 2011, p. 95)
Cleópatra convidou Marco Antônio a conhecer a resplandecente Alexandria, que imediatamente teria aceitado. Lá eles teriam vivido um forte romance no qual Antônio teria sido comparado a um menino em sua colônia de férias.
Ambos eram extravagantes e gostavam de festas, o que se tornou um hábito e logo desagradou Roma, que já não via Cleópatra com bons olhos desde o seu envolvimento com Júlio César. Antônio, em termos educados, abusava da bebida e seus porres provocavam um péssimo mau humor no dia seguinte. ⠀
7.2 As intrigas se iniciam em Roma
As histórias de Marco Antônio e Cleópatra chegavam a Roma em tom de intriga. Este momento foi aproveitado por Otávio para ampliar seu poder, uma vez que Antônio permanecia ausente e distante. Antônio era um militar respeitadíssimo, mas seus hábitos boêmios eram tão conhecidos quanto sua capacidade militar.
Lépido, a essa altura, representava apenas um enfeite no Segundo Triunvirato e logo morreria, deixando Otávio e Antônio como adversários, de modo similar a César e Pompeu anos antes. No meio disso, novamente se encontrava Cleópatra.
Em 40 a.C, Antônio retornou à Roma para se casar com Otávia, irmã de Otávio. A situação foi provocada (e imposta) para assegurar sua lealdade à república romana e tanto o Senado quanto Otávio fizeram vista grossa quanto ao passado de Antônio no Egito. Nesse mesmo ano Cleópatra teve filhos gêmeos de Antônio, chamados de Alexandre e Cleópatra..
“Mentirosa, interesseira, manipuladora, promíscua, insaciável, feiticeira, prostituta – foram alguns dos adjetivos atribuídos a Cleópatra pela campanha difamatória liderada por Otávio contra a amante e aliada política de Marco Antônio” — Arlete Salvador, 2011, p. 111). Créditos: Cleópatra, John William Waterhouse.
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7.3 Agora a gente não se separa mais
Em 37 a.C. Cleópatra e Antônio se encontraram novamente na Antioquia, na atual Turquia, para nunca mais se separar. As desavenças entre Otávio e Antônio estavam cada vez mais acirradas.
Para superar Otávio, Antônio e Cleópatra firmaram um acordo em que Cleópatra forneceria suprimentos e homens em troca de receber parcelas do território romano. A decisão de entregar território romano ao Egito enfureceu Roma e Otávio ganhou mais seguidores em sua campanha contra o casal.
Em 36 a.C. Cleópatra teve o terceiro filho de Marco Antônio, Ptolomeu Fidalfo. ⠀
7.4 As Doações de Alexandria
Em 34 a.C., Cleópatra e Marco Antônio estavam praticamente casados e ela fornecia recursos materiais e humanos para as campanhas militares dele. Como recompensa, o Egito recebia novas parcelas de território romano, fazendo Cleópatra uma mulher extremamente poderosa.
As novas aquisições davam à Cleópatra uma dimensão política que, talvez, nem ela tivesse ousado sonhar. Na prática, retomou os territórios que haviam integrado o antigo Império Egípcio, o império de seus primeiros antepassados durante o domínio de Alexandre, o Grande. (SALVADOR, 2011, p. 109)
No Egito, esses acordos realizados entre os dois eram sempre comemorados exaustivamente com festas suntuosas, desfiles diante de multidões e muita bebedeira por parte de Marco Antônio.
Em Roma essas concessões territoriais eram vistas como traição e demonstração de ódio à república. O fato era que Marco Antônio não parecia mais ser aquele homem disciplinado e servo fiel de Roma na época em que esteve trabalhando com Júlio César. Antônio parece ter escolhido Cleópatra e o Egito em detrimento de sua verdadeira pátria, Roma. ⠀
8 ROMA DECLARA GUERRA AO EGITO
Em 32 a.C. Marco Antônio se separou da irmã de Otávio para se casar com Cleópatra nos moldes do Egito, fato que deixou os romanos horrorizados e o Senado inquieto. Marco Antônio havia rompido oficialmente com Otávio, ou melhor, desafiado.
Nesse mesmo ano Otávio arrancou a declaração de guerra do Senado à Cleópatra. Cleópatra. Não a Marco Antônio. A situação dos dois maiores líderes da república brigando entre si era tida como vexatória. Entretanto, sabia-se que o casal lutaria junto contra Otávio.
A guerra é declarada: não contra Antônio, mas contra Cleópatra. Suprema habilidade de Otávio, que evita a guerra civil e envolve o seu exército num conflito justo contra um inimigo estrangeiro. Chega a tentar uma última reconciliação, convidando Antônio a vir discutir na Itália. Cleópatra convence Antônio de não cair na armadilha. (JACQ, 2007, p. 290)
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8.1 O fiasco na decisiva Batalha do Áccio
Em 2 de setembro de 31 a.C., no Mar Jônico, a esquadra do Senado de Roma representada por Otávio enfrentou a esquadra combinada de Cleópatra e Marco Antônio. O número de embarcações envolvidas é incerto e se acredita que cada lado teria perto das 400, tendo a frota combinada um número relativamente superior à sua disposição.
Cleópatra teria convencido Marco Antônio a travar um duelo naval em vez da luta em terra, a especialidade de Antônio. Por outro lado, Otávio contava com o seu amigo e experiente comandante naval Marco Vipsânio Agripa. Agripa, no mar, seria tão imbatível quando Marco Antônio era em terra firme.
A Batalha do Áccio, 2 de setembro de 31 a.C., de Lorenzo A. Castro. Obra constante no Museu Marítimo Nacional, Londres, Inglaterra.Disposição das embarcações na Batalha do Áccio. Créditos: autoria desconhecida.
Apesar de longamente planejada por Marco Antônio, a Batalha do Áccio foi um tremendo
iasco que ainda hoje não tem resposta definitiva ora pela falta de informações históricas ora pela atitude de Marco Antônio, que simplesmente abandonou seus soldados à própria sorte, quando Cleópatra repentinamente fugiu.
Quando os soldados se deram conta da fuga dos seus líderes, muitos tentaram acompanhá-los, alguns lutaram, mas a maioria se entregaria aos comandantes de Otávio, consolidando a vitória total de Roma. ⠀
8.2 Ruína e vergonha
Cleópatra retornou ao Egito anunciando uma grande vitória na batalha naval, mas aos poucos a verdade vai sendo surgindo. Cleópatra teria mandado executar muitos egípcios, quando o resultado catastrófico de Áccio começou a circular nas ruas do Egito.
Seja qual for a verdade sobre os acontecimentos no Ácio, o fato é que Marco Antônio saiu dele não apenas derrotado, mas também humilhado e desacreditado. Mesmo os mais entusiasmados analistas militares acreditam que há fatores incompreensíveis no comportamento dele e na estratégia de combate.
A própria opção de uma guerra por mar parece irracional. Marco Antônio era um soldado do exército, experiente em batalha no chão. Quem tinha mais experiência em navegação era a tropa de Cleópatra. A opção pela batalha teria sido dela. (SALVADOR, 2011, p. 128)
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9 DESOLAÇÃO E DESCONFIANÇA MÚTUA
Após a derrota na Batalha do Áccio, Cleópatra retornou à cidade de Alexandria, enquanto Antônio tentou ajuda de antigos aliados. A rainha enviou pedidos de perdão e presentes a Otávio; Marco Antônio retornou ao Egito sem conseguir apoio algum e também pediu misericórdia a Otávio. Nenhum dos dois teve seus pedidos e alternativas aceitos e sabiam que logo as legiões romanas do vencedor do Áccio estariam no Egito.
Entre Cleópatra e Marco Antônio há uma infinidade de versões sobre os acontecimentos após a batalha, incluindo uma plausível sobre a existência de um clima de desconfiança e receio mútuo.
Cada um teria pensado nas possibilidades, mas, qualquer que fosse, dependeria da vontade de Otávio, agora indiscutivelmente o mais poderoso dos romanos como fora seu pai adotivo, Júlio César. Otávio, inclusive, se tornaria primeiro imperador, dando início à fase imperial de roma. ⠀
10 O DESTINO DE MARCO ANTÔNIO E OS FILHOS DE CLEÓPATRA
10.1 O suicídio de Marco Antônio
Marco Antônio tentou resistir em vão à investida de Otávio, quando este avançava sobre o Egito. As tropas de Antônio simplesmente depuseram armas e algumas até confraternizaram. Afinal, todos eram romanos, estavam longe de casa, cansados da guerra, a disputa entre Otávio e Antônio estava chegando ao fim e em breve estariam do mesmo lado. Logo todos estariam mais uma vez unidos e lutando por Roma.
Marco Antônio estava arrasado, nem de longe lembrava o comandante que lutou triunfante em tantas guerras ao lado de César. Marco Antônio teria recebido uma mensagem avisando que Cleópatra tinha se suicidado. Essa mensagem carece de comprovação, mas o fato é que Otávio cravou sua espada no abdome e o ferimento lhe custaria a vida. ⠀
10.2 Os filhos e a filha de Cleópatra
Cleópatra tentou negociar, inclusive com a abdicação do trono em prol dos filhos, mas teve o pedido negado. Cesário, seu filho com Júlio César, havia sido enviado à Índia para permanecer em segurança, mas acabou morto no caminho.
Traído pelo próprio tutor que seria de confiança, o garoto foi entregue a Otávio que o matou porque seria o verdadeiro herdeiro de Júlio César, o que ameaçava seu trono.
Os três filhos de Cleópatra e Marco Antônio foram levados à cidade de Roma, sendo os meninos mortos. A filha, Cleópatra Selene, contudo, foi preservada, protegida, educada e se causou com um rei ou príncipe da Mauritânia, tendo uma vida tranquila e confortável. ⠀
11 CLEÓPATRA VENCIDA
Cleópatra, também arrasada, havia se entrincheirado em um mausoléu construído subterrâneo. Além dos seus tesouros mais valiosos, encontrava-se bastante material inflamável, indicando que ela não pretendia se render para ser exposta acorrentada, maltrapilha e totalmente vencida nas ruas de Roma por Otávio, que a apresentaria como troféus em pleno triunfo (o triunfo era uma espécie de honraria altíssima dada somente aos maiores vencedores de Roma).
Encontrava-se vencida e sem expectativa. Teria tentado seduzir Otávio e oferecido toda a sua fortuna. Sem efeito. Otávio era glacial, frio, comedido. O último encontro entre Otávio e Cleópatra também carece de informações confiáveis.
Plutarco e Cássio Dio descrevem situações completamente diferentes para o encontro dos dois, tendo na do primeiro a rainha suja, acabada, magra, diferentemente da versão do segundo onde Cleópatra se encontrava majestosa, cheirosa e sedutora.
12 O SUICÍDIO DE CLEÓPATRA
Após o encontro, a eterna rainha do Egito sabia que somente o suicídio lhe forneceria uma saída ainda digna.
Cleópatra se suicidando através da famosa passagem com a serpente. Créditos: A morte de Cleópatra, de Reginald Arthur.
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12.1 Segundo Plutarco, Cássio Dio e Shakespeare
Plutarco, Cássio não viveram no tempo de Cleópatra, tendo recebido relatos de terceiros. Falavam sobre a famosa morte por picada, mas com ressalvas.
Shakespeare, que teve inspiração em Plutarco e nasceu mais de 1.500 anos depois de Cleópatra, criou uma famosa peça teatral chamada de Cleópatra e Marco Antônio para os antigos amantes.
Contudo, a morte pelo veneno da cobra, muito além de meramente romanceada na peça de William Shakespeare, trata-se da versão oficial sobre a morte da última monarca ptolomaica. ⠀
12.2 Evidências científicas e o túmulo desconhecido
A naja não possui capacidade de picar três pessoas numa mesma ocasião, pois lhe faltaria veneno. Contudo, Cleópatra manipulava veneno como poucas pessoas. Era verdadeiramente versada em nessa arte e teria realizado diversos experimentos em pessoas.
O túmulo de Cleópatra, desconhecido até então, pode conter a chave para essa e tantas outras respostas sobre a mais famosa rainha da história. ⠀
12.3 A versão clássica: Cleópatra se deixa picar pela naja
Cleópatra morta após uma picada de cobra no seio, de Jean Andre Rixens.
Apesar de qualquer coisa, a versão que retumba na história acerca da morte da última Faraó do Egito Antigo é a morte pelo veneno, como bem descreve Christian Jacq (2007, p. 293):
O sonho de Cleópatra está desfeito. Mas privará Otávio de um magnífico triunfo em Roma, durante o qual seria mostrada a um povo cheio de ódio como uma escrava acorrentada.
Reza uma tradição célebre (que parece próxima da verdade) que, depois de tomar um banho e de escrever uma carta a Otávio pedindo para repousar junto de Antônio, Cleópatra manda vir um cesto com frutas.
O cesto trazia uma serpente escondida, que a rainha agarra. Mordida no seio, sucumbe dignamente. É possível que Cleópatra tenha escolhido está maneira de morrer por motivos religiosos.
Os faraós eram protegidos por uma serpente sagrada que aniquilava seus inimigos. A desesperada rainha fez deste poder vital uma força destrutiva. A serpente criadora transforma-se numa serpente de morte.
No dia 29 de agosto do ano 30 a.C., o Egito soberano é assinado pela última vez, na pessoa de Cleópatra.